Curto, aprecio - muitíssimo! -, em diversos aspectos, a insular e continental cidade de Florianópolis, porém, confesso, conheço pouquíssimo sua história. Daí que por curiosidade, motivada pela passagem do aniversário de 284 anos da Capital catarinense, comemorado neste dia 23 de março, fiz uma rápida pesquisa, dessas de internet com os riscos de todas as suas precariedades inerentes. Ainda assim, sem nenhum compromisso acadêmico, resolvi sintetizar e expor/guardar, aqui nesse meu espaço, o pouco que li e aprendi (ah, com o tempo, deverei procurar e ler alguns bons livros sobre o assunto).
Registra-se que este ponto do litoral brasilerio, em tempos remotos, foi habitado pelo “homem do sambaqui”, segundo indicam numerosas inscrições rupestres existentes em algumas praias. Já na época da chegada dos exploradores europeus, os índios carijós, de origem tupi-guarani, habitavam a ilha que a conheciam como Meiembipe (“montanha ao longo do mar”). O estreito que a separa do continente era chamado Y-Jurerê-Mirim, termo que quer dizer “pequena boca d'água” e também se estendia à própria ilha. O gradual extermínio dos indígenas no litoral catarinense começa a acontecer no final do século XVII, devendo-se à escravidão e à fraca resistência às doenças trazidas pelos europeus.
Desterro, 1867. Joseph Bruggemann |
Ironicamente ou não, pode-se dizer que os fatos históricos aproximaram-se desse significado por conta da ligação com o massacre da ilha presídio. Explica-se: em 14 de outubro de 1893, o comandante Federico de Lorena declarou instalado o Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil na cidade de Desterro. Em plena revolução federalista, Desterro passou a ocupar o status de uma capital do país paralela, ilegítima para os legalistas, estratégica para os federalistas do sul do país. O novo governo considerava-se separado da União, enquanto Floriano Peixoto, que comandava o país desde o Rio de Janeiro, não fosse deposto. Esta “vitória” do movimento federalista durou seis meses, após os quais, enfraquecido por dissidências internas, o movimento revoltoso foi desmembrado e derrotado em 16 de abril de 1894, três dias antes da chegada do interventor federal Antônio Moreira César. Este, então, iniciou uma operação “pente fino” na ilha e colocou toda força à sua disposição no encalço dos remanescentes revolucionários. A partir daí, Desterro testemunhou um dos momentos mais sangrentos e traumáticos de sua história. Em maio de 1894, após meses de perseguição, execuções, tortura e todos os conhecidos meios de repressão e coação praticados pelo Estado, ocorreu o que ficou conhecido – ou desconhecido, dependendo da interpretação – como o “Massacre de Anhatomirim”, quando cerca de 200 homens teriam sido executados na ilha presídio num movimento revanchista e arbitrário de extermínio e profilaxia política.
Logo depois, em outubro de 1894, o então governador Hercílio Luz − cujo próprio primo e cunhado havia sido assassinado pela mão de ferro de Moreira César −, sancionou a lei que mudaria o nome da capital do estado de Desterro para Florianópolis, em homenagem a Floriano Peixoto, ninguém menos que o mentor político dos verdugos dos ilhéus revolucionários. A troca do nome da cidade foi uma tentativa de varrer os fatos traumáticos de Anhatomirim para baixo do tapete da história e passar um verniz sobre uma ferida que deveria ser bem cicatrizada pelas políticas do esquecimento articuladas pelas autoridades competentes”. |Cf. Laurene Veras. Dialógico: Florianópolis, “a cidade de Floriano...”|
Esses são pequenos trechos da história dessa cidade, conhecida por muitas pessoas pelo apelido - “Floripa”. Ah, ou ainda por “Ilha da Magia” pelos causos de que havia e há bruxas na ilha |Cf. Brumas da Ilha Lendas e Mitos|.
É isso, valeu!
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