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31.3.10

Igreja Católica e seus abusadores...


Continua a repercutir as recentes revelações da omissão das maiores autoridades do Vaticano, incluindo Joseph Ratzinger (o atual papa – Bento 16) frente a abusos sexuais, como os de pedofilia. A exemplo do (encoberto) caso do sacerdote/reverendo Lawrence C. Murphy que abusou sexualmente de aproximadamente 200 crianças surdas, durante os mais de 20 anos, entre 1950 e 1974, em que trabalhou na escola St. John´s, de Wisconsin/EUA, segundo documentos obtidos e revelados pelo jornal The New York Times, reproduzidos por diversos órgãos de imprensa do mundo.

E, além das denúncias de pedofilia envolvendo alguns religiosos em diversos países, existem casos de abuso de mulheres adultas: “As mulheres estão também, infelizmente, expostas ao poder e à violência de padres abusadores” , de acordo com a entidade feminista, Católicas pelo Direito de Decidir.

Em artigo publicado no Observatório da Imprensa (edição 583 de 30-3-2010), o escritor e prof. dr. Deonísio da Silva explica: “há como que um trauma cercando a Igreja e as sexualidades, cujo contexto tem como referência solar o celibato imposto a padres e freiras”. E se questiona: “por que a pedofilia não vinha merecendo os cuidados de Bento 16?”. O prof. Deonísio sugere o “silêncio como recurso de covardia”, por parte do papa, que “quando o assunto era pedofilia, sem que ainda se saiba por quê, silenciava. E o silêncio, que é de prata, em certas situações, é intolerável quando recurso de covardia ou manipulação que vitima inocentes, como foi o caso”.

Triste, revoltante..., e, sem dúvidas, impõe-se uma investigação e punição dos religiosos culpados, tanto por parte do Estado, como por parte da Igreja Católica. Afinal, não bastará o Papa pedir desculpas às vítimas de abusos sexuais. Claro, mas como bem sintetizou a profa.dra. Roseli Fischmann: “O reconhecimento do drama vivido pelas vítimas, mesmo a indenização pecuniária, nada retira do caráter irreversível do dano causado a quem sofreu a violência sexual, em particular sendo criança, que perdeu o direito à inocência, pela ação de quem supunha ser seu guia.”.

No mais, como declaram as Católicas pelo Direito de Decidir, o inexplicável é que neste momento – em que os direitos humanos de meninos, meninas e mulheres vêm sendo desrespeitados escancaradamente por atos de abuso sexual cometidos por padres –, o governo brasileiro mostra sua fragilidade ao ceder às pressões da CNBB, retrocedendo na formulação do III Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-III): “Quando o governo retira do PNDH-III o apoio à descriminalização do aborto no Brasil e a proposta de retirada de símbolos religiosos dos espaços públicos, está fortalecendo uma instituição que esconde seus padres abusadores, que culpa as vítimas - sobretudo as mulheres - pelo crime que elas sofreram, uma instituição que se mantém em uma grande ambigüidade ao proferir a fé cristã e, ao mesmo tempo, para salvar sua imagem, não tem coragem de assumir as próprias contradições.”.

É isso, valeu!

Um comentário:

  1. E assim seguem, com seus silêncios criminosos, o papa e seu rebanho para mais uma avalanche de pregações hipócritas e retrógradas na grande celebração de Páscoa! Aghrrrr!!!

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