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22.7.10

Amorosidade freireana

“A minha abertura ao querer bem significa a minha disponibilidade à alegria de viver. Justa alegria de viver, que, assumida plenamente, não permite que me transforme num ser 'adocicado' nem tampouco num ser arestoso e amargo.

A atividade docente de que a discente não se separa é uma experiência alegre por natureza [...]. É esta força misteriosa, às vezes chamada vocação, que explica a quase devoção com que a grande maioria do magistério nele permanece, apesar da imoralidade dos salários. E não apenas permanece, mas cumpre, como pode seu dever. Amorosamente, acrescento.

Mas é preciso, sublinho, que permanecendo e amorosamente cumprindo seu dever, não deixe de lutar politicamente, por seus direitos e pelo respeito à dignidade de sua tarefa, assim como pelo zelo devido ao espaço pedagógico em que atua com seus alunos[as].” (Paulo Freire. Pedagogia da Autonomia)

Consciente disso, a partir do saber querer bem e de todos os outros saberes necessário à prática educativa, podemos compreender a “amorosidade”, em Paulo Freire, tendo a percepção de que a pedagogia da autonomia do(a) educando(a) demanda ao(à) professor-educador(a) o exercício permanente da convivência amorosa com o(a) educandos(as). Nem mesmo o rigor e a competência técnico-científica são incompatíveis com a amorosidade necessária às relações educativas. Com essa qualidade ou virtude indispensável, o professor-educador(a) assume uma postura curiosa e aberta; e, ao mesmo tempo, que vê o(a) educando(a) como ser inacabado(a) e, assim, receptivo(a) para aprender, provoca nele(a) o desafio de se assumir enquanto sujeito sócio-histórico-cultural do ato de conhecer. Além disso, desenvolvendo permanentemente em si próprio a indispensável amorosidade, o(a) professor-educador(a) está cultivando a sua humildade e tolerância, o que lhe proporciona ter respeito à pessoa do(a) educando(a), à sua curiosidade, à sua timidez, com quem se compromete ao próprio processo formador de que é parte. Enfim, no ensinamento de Paulo Freire, o(a) professor-educador(a), permanecendo e amorosamente cumprindo seu dever, não deve ter medo de apostar no sentimento da amorosidade, até porque a educação é um ato de amor.

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