Ao longo de alguns de seus estudos sobre Franz Kafka, o filósofo Ricardo Timm defende que este pensador “pode ser lido, sob vários aspectos, como um refinado hermeneuta de um ‘tempo patológico’, e que sua obra pode ser compreendida também desde o viés condicionado por esta posição frente à realidade”. Entendendo “por ‘tempo patológico’ o paradoxo de uma temporalidade sem vitalidade, um tempo semiparalisado, interdito, inercial, quantificável em infinitas partes intercambiáveis como mero jogo pretensamente inconseqüente”. “[...] ou seja, quando o núcleo da violência não é um ser vivo, perverso ou poderoso, que poderia falar mas não fala, mas, sim, é – como em várias obras de Kafka – uma máquina, o aparelho, o impessoal, o status quo, a multiplicação de imagens e fantasmas e promessas fátuas de felicidade, a quantidade que fala absolutamente, ou fala de forma absolutamente violenta, porque se cala absolutamente. Entende-se aqui por ‘violência’ a detenção do tempo da linguagem, ou seja, da linguagem enquanto ‘tempo que se diz’, e que nunca se disse completamente.”
Essas afirmações fazem parte da entrevista concedida por Ricardo Timm à revista do Instituto Humanitas Unisinos (IHU On-Line, edição 344). Confira aqui.
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