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29.9.10

“Reflexões de um eleitor indignado”

“Incontáveis aparelhos de TV e rádio desligados no horário eleitoral significam um recado óbvio: reforma política já!” Chama atenção Carlos Alberto Libânio Christo – o Frei Betto –, em seu artigo intitulado “Reflexões de um eleitor indignado”.

Neste texto, Frei Betto, mais uma vez brilhantemente, sintetizou o sentimento de muita gente. A revolta sentida frente ao “desfile mórbido” de muitos candidatos, apresentando-se na propaganda eleitoral com “tantas besteiras, tantas promessas inconsistentes, tantas ofensas à língua pátria”. A indicar que “de novo, a partir de 2011, veremos a nossa representação política – nas Assembleias Legislativas, na Câmara dos Deputados e no Senado – integrada por figuras respeitáveis, competentes, éticas, ombro a ombro com o besteirol: políticos eleitos, não pelo que representam como promotores do bem comum, e sim pela fama na mídia, no esporte, na esbórnia, na exuberância das nádegas e no escracho geral. Pobre Brasil!”.

De quem é a culpa? Não é da gente que vota, não! Como bem explica Frei Betto: “A culpa é dos partidos que aceitam filiações irresponsáveis, funcionam como legenda de aluguel, abrem as portas aos arrecadadores de votos, meros candidatos-iscas para robustecer a bancada partidária no Poder Legislativo.” E sentencia “isso revela algo muito grave: os partidos cada vez menos representam uma parte ou segmento da sociedade. Representam a si mesmos. Viraram clubes políticos destinados a beneficiar seus sócios. Vivem descolados da base social, gabam-se de não ter ideologia, apenas interesses e, em tudo que fazem, buscam, em primeiro lugar, reforçar o próprio poder. E funcionam na base da ação entre amigos, pois quem se elege trata de nomear quem não se elegeu para um cargo público bem remunerado.”

Daí, concordando com Frei Betto, a necessidade urgente de uma reforma do sistema político brasileiro, que introduza uma nova cultura política - o que implica, entre outras propostas: adotar o financiamento público de campanhas eleitorais; criar limite para todos os mandatos (o direito a apenas dois mandatos sucessivos na mesma função); criar mecanismos de controle social das políticas econômicas e do orçamento; possibilitar o acesso dos setores populares à livre expressão; promover plebiscitos e consultas populares e muitas outras proposições que vêm há tempos sendo discutidas/cobradas pela sociedade civil organizada.

Enfim, há de se concordar plenamente com esta opinião de Frei Betto, que merece ser lida integralmente aqui.

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