WikiLeaks (“furos colaborativos”, na tradução livre) é uma ferramenta participativa de comunicação criada em 2007. Instalada em servidores na Suécia, a WikiLeaks permite a qualquer pessoa publicar documentos que tenham “interesse político, histórico, diplomático ou ético”, entendidos relevantes para o conhecimento público.
A identidade dos que publicam documentos é preservada por meio de um sistema de criptografia de qualidade igual aos bancos. Os registros (logs) das postagens e suas origens não são mantidos no sistema. Como proteção adicional, a WikiLeaks sugere aos usuários utilizar o Tor, um software livre que permite navegar anonimamente na internet. |Cf. Antonio Martins|
A WikiLeaks baseia-se num pensamento que Brecht traduziu em poema: “O vosso tanque, general / é um carro-forte / derruba uma floresta / esmaga cem homens / mas tem um defeito / precisa de um condutor”. Cabe entender: qualquer poder é exercido por meio de seres humanos - e estes podem refletir e se rebelar...
Esse pensamento seguido pela WikiLeaks é revelado nos seus poucos anos de existência, basta estar seus feitos destacados:
Em 2007, publicou um manual de procedimentos vigente na base militar norte-americana de Guantánamo. O documento continha orientações ilegais ou anti-humanitária, entre as quais a proibição do acesso da Cruz Vermelha a parte dos detentos.
Em 2008, reproduziu parte hackeada da caixa de correio eletrônico da governadora Sarah Palin no Yahoo - indicando que ela usava uma conta pessoal para tratar assuntos de Estado que queria manter sob discreção.
Em 2009, expôs o relato interno e sigiloso, produzido pela mineradora suíço-britânica Transfigura, de um vazamento de resíduos tóxicos na Costa do Marfim, que afetou 118 mil pessoas.
Em abril de 2010, difundiu um vídeo indicando que 12 pessoas (inclusive dois repórteres da Reuters) haviam sido mortos num ataque realizado em Bagdá, a partir de um helicóptero Apache estadunidense.
Em novembro de 2010, a WikiLeaks começou a publicar telegramas de embaixadas estadunidenses pelo mundo, permitindo que pessoas de todo o planeta passassem a conhecer a fundo como funcionam as atividades dos EUA no exterior.
Essas recentes publicações dos telegramas WikiVazados não para. E entre o meios de comunicação que estão a repercutir a rede anônima, estão o Guardian, que mantém banco de dados com o texto dos telegramas, o El país, o Spiegel, o Le Monde.
Julian Assange: “A verdade ganhará sempre”
O mais conhecido membro do Conselho Editorial da WikiLeaks e seu redator-chefe, o jornalista australiano Julian Assange, escreveu que:
“WikiLeaks cunhou um novo tipo do jornalismo: o jornalismo científico. Trabalhamos com outros serviços informativos para trazer as notícias às pessoas, mas também para provar que é verdade. O jornalismo científico permite-nos ler uma história nas notícias, a seguir clicar online para ver o documento original em que é baseada. Dessa forma podemos ajuizar por nós mesmos: a história é verdadeira? O jornalista informou-nos com precisão?
As sociedades democráticas precisam de meios de comunicação fortes e a WikiLeaks é uma parte desses meios. Os meios de comunicação ajudam a que o governo se mantenha honesto.” |The Australian - In Esquerda.net - 7-12-2010|
Por que o mundo precisa do WikiLeaks?
O próprio Julian Assange responde, neste vídeo, em entrevista realizada, em Oxford, na Inglaterra, em julho de 2010. (Para ler a legenda em português, clicar em View subtitles e escolher o idioma.)
Julian Assange: O 1º preso político global da internet
Julian Assange está preso, em Londres, com pedido de fiança negado, salvo segunda ordem, até o dia 14-dez. Os EUA estão tentando com os britânicos e suecos a extradição de Assange para processá-lo por espionagem – com base no Ato de Espionagem de 1917, feito em época de guerra global declarada e já detonado várias vezes, mais ilustremente no caso Watergate pela Suprema Corte. |Ler texto de Idelber Avelar|
Enquanto ele permanece retido, um “segundo homem” representa WikiLeaks: jornalista investigativo islandês Kristinn Hrafnsson, o qual em, em entrevista à CNN, disse que WikiLeaks é uma organização jornalística e que, evidentemente, tem, mais que o direito, o dever, de publicar informação que ninguém tem o direito de sonegar aos cidadãos.
Operation Avenge Assange
A Operation Avenge Assange (Operação Vingar Assange), organizada por hackers, após o cerco internacional contra o WikiLeaks e seu redator-chefe, Julian Assange, conseguiu, no dia 8-dez, derrubar parte dos sistemas informáticos da rede de cartões de crédito MasterCard, o título ataque contra a rede MasterCard era: “Operação Payback. Alvo: 'www.mastercard.com'. Existem coisas que o WikiLeaks não pode fazer. Para todas as outras existe a Operação Payback”.
O grupo de hackers, denominado Anonymous, que já realizou outros ataques, qualifica seus ataques como Operation Payback (Operação Vingança), mas, desde que o WikiLeaks começou a publicar as correspondências secretas da diplomacia estadunidense e o site começou a sofrer assédio de empresas e Governos, o Anonymous decidiu lançar a “Operação Vingar Assange”.
Outros ativistas promovem uma grande campanha de apoio e pelo fim da perseguição a WikiLeaks e seus parceiros por meio de uma petição disponível na internet |Ver/assinar petição|
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