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4.3.11

“Foi um rio de dinheiro que passou em minha vida”

Na revista Caros Amigos, edição 167, de fevereiro de 2011, Cesar Cardoso desce o cacete nos enredos financiados das escolas de samba.

“O samba não vem do morro nem lá da cidade. Vem da conta bancária. Com grana você sai até de rainha da bateria, mesmo que tenha 80 anos e seja homem. Eles te levam pra fazer uma cirurgia de troca de sexo e seis lipoesculturas, do CTI você vai de helicóptero pra avenida e já sai sambando e prontinho. Ou melhor: prontinha.

E nas escolas de samba só dá enredo financiado. A Nenê de Vila Matilde aproveitou o nome e descolou o financiamento de uma maternidade. Desfilará com 2 mil mulheres grávidas e transmissão das ultrassonografias ao vivo, em telões, pra provar que feto também é bom de samba. A Vai-Vai, bancada por uma butique erótica, teve que trocar seu nome pra Vem-Vem. E a Império da Casa Verde, patrocinada pela indústria automobilística, virou Império do Carro Verde, com o samba Penso, Logo Buzino. São 3500 carros alegóricos, num desfile que começa no Sambódromo, pega a BR 101 e termina em Salvador, onde a escola estaciona atrás do trio elétrico.

Com grana das fábricas de cigarro, outra novidade é a Mocidade Dependente de Nicotina de Padre Miguel, a única escola de samba para fumantes, que vem com o enredo Vida, Ascensão e Glória do Enfisema. Só que a escola tem que desfilar do lado de fora do Sambódromo, já que lá dentro é proibido fumar.

Mas pra provar que nem tudo é grana, a grande sensação do carnaval é a Beija-Flor de Teerã, ex-Império do Mal, primeira escola de samba iraniana. O problema é que o samba ainda não ficou pronto porque ninguém achou uma rima pra Mahmoud Ahmadinejad. Já o desfile é simples: a rainha da bateria sai nua na frente e a escola vem atrás tacando pedra.”

Cesar Cardoso é flanelinha de carro alegórico. E edita o blog PATAVINA’S. Você acredita?

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