Tiradentes foi um pobre coitado que se meteu com uma turminha da oligarquia mineira, cansada de pagar impostos à coroa portuguesa. Como militar, não devia usar barba ou cabelos compridos. Mesmo se usasse, provavelmente os teria raspados ao ser preso. Peixe pequeno, foi quem serviu de exemplo para quem ousasse fazer o mesmo, sofrendo uma morte indigna e tendo seu cadáver profanado pelo ultraje de um esquartejamento. A maioria dos outros conspiradores, mais bem nascidos, sofreu apenas o exílio, recorda Paulo César Nascimento.
Pedaços de morte da República
O Tiradentes oficial é um herói esvaziado, quase sem causa, esquartejado pela segunda vez, um herói de sala de aula, e profundamente solitário, como lembrou Cristóvão Feil:
O pintor e escritor paraibano Pedro Américo de Figueiredo e Melo (1843-1905) mostrou, através dos pedaços separados de Tiradentes, toda a fúria do poder contra aqueles que tentassem destruir a ordem pacificada da monarquia portuguesa associada ao colonialismo quase-global inglês.
Tiradentes Esquartejado (1893) |
Esta obra impressionante, de Pedro Américo, foi ocultada por quase cem anos, porque não fazia côro com o mito orientado do oficialismo historiográfico sobre a figura de Tiradentes, que sempre retratou-o como um Cristo brasileiro tardio e desconstituído dos seus ideais republicanos e libertários.
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