Pública: “Os Arquivos de Guantánamo, que o WikiLeaks começou a publicar, jogam luz sobre essa monstruosidade da era Bush que a administração Obama decidiu continuar”, afirmou Julian Assange com exclusividade para a Pública nesta segunda/25-4.
A declaração de Assange resume a importância do vazamento mais recente da organização: São milhares de fichas de prisioneiros ou ex-prisioneiros de Guantánamo, em Cuba, e outros documentos relacionados, emitidos pela JFT-GTM (Força-Tarefa de Guantánamo) e enviados na forma de memorandos ao US Southern Command (Comando Sul dos Estados Unidos).
As fichas relatam o estado de saúde dos atuais presos, refazem a teia investigativa que os levou à prisão e revelam que boa parte dos acusados foram incriminados com base em depoimentos de outros presos obtidos sob tortura dentro e fora de Guantánamo – nas prisões secretas da CIA. Uma revisão cuidadosa dos documentos revela que o mercado de recompensas promovido pelos Estados Unidos levou à detenção de inocentes por acusações formuladas por informantes interessados em prêmios em dinheiro.
Também revelam como são feitos os “pareceres”, que recomendam a permanência ou não dos presos em Guantánamo, não apenas pela força-tarefa mas também pelos responsáveis pela investigação criminal e psicólogos encarregados de avaliar a maneira que devem ser utilizadas as informações obtidas em outros interrogatórios.
“A publicação dessas informações é importante para o público, para os prisioneiros e ex-prisioneiros, e para os juízes que se ocupam desses casos. Muitos estão presos há anos sem acusação formal e com base em testemunhos falsos”, disse Assange.
“Está na hora de reacender a discussão pública sobre a prisão de Guantánamo, na esperança que finalmente se possa fazer alguma coisa para trazer justiça para esse estabelecimento”, afirmou o fundador do WikiLeaks, que qualificou Guantánamo de “estabelecimento de ‘lavagem de pessoas’”.
Leia o que dizem os documentos de Guantánamo
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