Nos anos 50, vislumbrava-se a revolução que viria na década seguinte.
O rebolar de Elvis, os três acordes que compunham a maioria das músicas de rock, a poética e o comportamento beat desmataram a trilha para a manada que mudou o mundo, a da contracultura e revolução sexual.
O mesmo parece ter ocorrido nos anos 90.
O surgimento dos “browsers” [depois navegadores] popularizaram a internet, rede criada para manter cientistas e forças armadas conectadas 24 horas.
Veio o boom do e-mail, sites de notícias e os primeiros passos dos sites de busca. O Yahoo começou com dois estudantes de Stanford, que foram capas de revistas por se associarem a Wall Street pela “fortuna” de US$ 10 milhões, quando ainda não tinham trocado a carteirinha de estudante por uma de trabalho.
Depois, outros dois malucos de Stanford inventaram o Google.
O e-mail passou a ser gratuito.
O MSN possibilitava o papo distante e concomitante.
Bill Gates assustava o mundo. Seria o anticristo?
Pelos corredores das grandes empresas de comunicação, perguntavam onde era o abrigo para o apocalipse dos seus negócios.
Os mais lúcidos sugeriam que o lance era se associar a esta gente que não usava terno e gravata e não frequentava as quadras de esporte.
Ao mesmo tempo, os celulares ficavam menores, mais baratos e com aplicativos.
Fez história a palestra que Marluce Dias [então na cabeça das Organizações Globo] proferiu em Angra para os diretores da empresa, anunciando que o maior concorrente da TV passava a ser o celular.
Acharam que a chefe estava delirando.
A inflação da maioria dos países parecia sob controle.
Os juros bancários despencavam.
O mercado financeiro e os fundos bilionários precisavam de novas aplicações.
Seria AOL ou Amazon o negócio do futuro? O Google?
Um site brasileiro de buscas chegou a ser comprado por uma telefônica por R$ 300 milhões?
Talvez a revolução digital fosse um delírio de “college guys”, atualmente apelidado como nerds, ou geeks.
É uma ansiedade do mercado, uma roubada como o laserdisc (não tive um), o sistema Betamax (venceu o NTSC), o computador Dismac (eu tive um), o Second Life e tantas bugigangas tecnológicas que não decolaram?
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Entramos no ano 2000 sem o bug do milênio e com a revolução ganhando forma.
O controle da informação implodiu.
A palavra de ordem foi: internet [conteúdo] nasceu para ter custo zero.
Começou com o Napster, que em 2001 já tinha 8 milhões de piratinhas trocando músicas.
A revolução recuou um passo e avançou dois.
Músicas, filmes, fotos e livros estão na rede.
Surgem Lime Wire, My Space, The Pirata Bay, UTorrent, 4Share, YouTube e uma infinidade de meios de troca de arquivos em paralelo ao Orkut e outras ferramentas chamadas de redes sociais.
Um nerd com cara de bobo de Harvard e um algoritmo bem sacado enfeitiçou com seu FaceBook.
Lawrence Lessing em seu discurso na reunião do G8 mês passado foi além.
Lembrou que, curiosamente, tudo nasceu no portão de entrada do sistema educacional, ou nas redondezas, não depois do baile de formatura.
Tradução: as não empresas que estão desenhando o futuro, moleques solitários, jubilados, desistentes.
O capital não gera novidades. Compra.
O Skype embrulhou a telefonia mundial livre e ameaça empresas de telefonia; o YouTube, emissoras de TV; o Netflix, operadoras de TV a cabo.
1. Netscape, o primeiro browse, foi criado por um desistente da faculdade.
2. Hotmail, por um imigrante indiano e vendido à Microsoft por US$ 400 milhões.
3. O ICQ, por um garoto israelense cujo pai tentou vender o programa à AOL por US$ 400 milhões.
4. O Google, por dois jovens que pularam fora de Stanford.
5. O Napster, por um desistente da faculdade.
6. O YouTube e o Yahoo, por dois alunos de Stanford quenão se formaram.
7. O Kazaa e o Skype, por jovens da Dinamarca e da Suécia.
8. O Facebook, a gente viu o filme.
9. O Twitter, inventado por outro que não esperou o diploma.
Outra coisa em comum: a maioria foi criada por jovens que largaram os estudos ou não são norte-americanos.
Hoje suas empresas valem mais do que toda a indústria automobilística.
A inovação vem de fora.
Prova de que a universidade [o Estado] não tem cumprido o seu papel.
Ou que talvez não precisemos mais dela para desenvolver tecnologia digital.
Pink Floyd tinha razão:
We don’t need no education
We don’t need no thought control
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