O planeta é uma nave
cintilante com certeza,
azul na delicadeza
linda esta espaçonave.
Feito o vôo de uma ave,
buscando o alto da serra,
gira em torno e tudo gera,
sem precisar de motor.
Somos parte sim senhor,
somos filhos da Mãe Terra.
Milhões e milhões de anos,
nos ensina a Natureza
e com rápida destreza,
destruindo tudo estamos.
Contradição dos humanos,
aprende aquele que erra,
maduro aquele que espera,
só quem sofre dá valor.
Somos parte sim senhor,
somos filhos da Mãe Terra.
Buscar a simplicidade
prá resolver os problemas,
terminando os dilemas
que atormentam a Humanidade.
Chega de tanta maldade,
cansamos de tantas guerras,
o dinheiro mata e enterra
o pobre, o trabalhador.
Somos parte sim senhor,
somos filhos da Mãe Terra.
O que dizer então da água,
a fonte de toda a vida,
em garrafa, ingerida,
só bebe aquele que paga.
E onde tudo se alaga,
toda a gente desespera,
o clima, a atmosfera,
inverte o frio e o calor.
Somos parte sim senhor,
somos filhos da Mãe Terra.
Não se contam mais histórias,
não se namora na praça,
não tem moça na vidraça,
perdemos toda a memória.
A poesia inglória
que vivemos nesta era,
mecaniza, dilacera,
lá se foi o sonhador.
Somos parte sim senhor,
somos filhos da Mãe Terra.
São os polos degelando,
é a camada de ozônio,
efeito estufa, demônios,
é o fim que vem chegando.
Tudo, tudo terminando,
o ronco da moto-serra,
quanto menos se coopera,
muito mais destruidor.
Somos parte sim senhor,
somos filhos da Mãe Terra.
Rua mal iluminada,
buraco sem pavimento,
pobreza, areia, cimento,
são favelas penduradas.
Crianças assassinadas,
o futuro alí encerra,
violência prolifera,
vida não rima com a dor.
Somos parte sim senhor,
somos filhos da Mãe Terra.
O planeta poluído,
tudo em nome do mercado,
o globo globalizado,
há tempos instituído.
Vivemos embrutecidos,
enjaulados somos feras,
liberdade é quimera,
na lei do explorador.
Somos parte sim senhor,
somos filhos da Mãe Terra.
Adonaram-se das mentes,
botaram marca no mundo,
trangenicamente tudo,
envenenaram sementes.
Fizeram com toda a gente,
o que nunca se fizera,
não por coincidência mera,
nos chamam consumidor.
Somos parte sim senhor,
somos filhos da Mãe Terra.
É a tal chuva de prata,
fumaça pra todo o lado,
chumbo, estrôncio misturado,
que vidinha mais ingrata.
A doença se desata,
saúde não recupera,
longas filas de espera,
sem hospital e doutor.
Somos parte sim senhor,
somos filhos da Mãe Terra.
Rádio, TV e jornal,
tudo tem o mesmo dono,
a mentira ganha entono,
na notícia parcial.
Senhor do bem e do mal,
o Sistema então opera,
a mudança nada altera,
eleição e eleitor.
Somos parte sim senhor,
somos filhos da Mãe Terra.
Finalizando senhores,
sem querer a ferro e fogo,
o que está mesmo em jogo
é a Bolsa de Valores.
Grandes especuladores,
onde o Capital prospera,
é o Império quem lidera
este Circo de Horror.
Somos parte sim senhor,
somos filhos da Mãe Terra.
Versos da música Somos Filhos da Mãe Terra, do novo CD Dez Canções Urgentes, do compositor e músico riograndense Pedro Munhoz.
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