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23.9.11

Palestina: “Temos um objetivo: Existir. E existiremos!”

Em dia histórico para boa parte do povo palestino - Líder palestino Mahmoud Abbas, na 66ª Assembleia da ONU, conclama: “Temos um objetivo: Existir. E existiremos!”

As ruas lotadas de Ramallah, capital da Cisjordânia, diversas bandeiras palestinas e uma comoção popular, enquanto em discurso enfático, na 66ª Assembléia Geral da ONU, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, pedia que a Palestina seja aceita como o 194º membro pleno das Nações Unidas.

Pela manhã, Abbas entregou ao Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, um pedido escrito para o reconhecimento do Estado Palestino com as fronteiras pré-1967, antes da Guerra dos Seis Dias. No conflito, Israel ocupou Sinai, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e as Colinas de Golã.

No discurso, que foi interrompido diversas vezes por aplausos dos presentes na Assembleia, o líder palestino disse que há um ano havia esperanças de um acordo de paz. Porém, o mesmo falhou apenas uma semana após o seu início, por culpa da construção de assentamentos israelenses em solo paletino, segundo Abbas. “A política de ocupação colonial de Israel e seus assentamentos destruirão as chances de uma solução com dois Estados.”

O presidente palestino ainda afirmou que negociações contínuas com os israelenses serão possíveis somente quando as construções de assentamentos pararem.

“Senhoras e senhores, esse é o momento da verdade. Somos o último povo no mundo a ser ocupado. Esse mundo vai permitir que o Estado de Israel continue com isso”, declarou, completando que não quer o isolamento israelense ou sua deslegitimação. “Deixe-nos construir pontes de diálogo ao invés de pontos de triagem.”

Segurando uma cópia do requerimento para adesão da Palestina à ONU, Abbas pediu que Ban Ki-moon aceitasse o pedido e o levasse ao Conselho de Segurança para ser votado. Depois, dirigiu-se aos presentes na Assembleia. “O seu apoio para o reconhecimento do Estado Palestino é a maior contribuição para a paz na região [Oriente Médio]. Espero que não tenhamos que esperar muito.”

“Temos um objetivo: Existir. E existiremos”, conclamou.

Para que isso ocorra, porém, os palestinos precisam de ao menos nove votos favoráveis entre os 15 membros do Conselho de Segurança e de nenhum veto dos cinco membro permanentes: EUA, Rússia, Reino Unido, França e China. No entanto, Barack Obama já adiantou que vetará a proposta. Para o presidente americano, o apoio a um Estado Palestino só poderá ocorrer após um acordo de paz com Israel. Além disso, a votação no Conselho de Segurança pode demorar semanas e os EUA podem nem precisar exercer o poder de veto, uma vez que Washington e Israel têm feito lobby junto aos membros para que rejeitem a proposta palestina ou se abstenham.

E, antes do pronunciamento do líder palestino Abbas, o grupo islâmico Hamas, que controla Gaza e prega a destruição de Israel, rejeitou o pedido à ONU, alegando que os palestinos deveriam libertar sua terra e “não implorar por reconhecimento”. Um dos dirigentes do grupo, Haniyeh, disse que “países não são construídos com base nas resoluções da ONU. Estados libertam suas terras e estabelecem suas entidades.” |Informações da Carta Maior|
Ler+: Carta Maior: Com orgulho e alegria, palestinos celebram dia da dignidadeFotos de Eduardo Febbro
Vídeo | Avaaz: Reconhecimento para a Palestina um novo caminho para a paz

Um comentário:

  1. Principais pontos de desacordo entre palestinos e israelenses
    A questão de Jerusalém, as fronteiras no Oriente Médio, o regresso de refugiados, a água, os assentamentos judeus e o vale do Jordão são alguns dos principais pontos de discórdia entre Israel e Palestina:

    1) Jerusalém. A cidade é considerada santa tanto por judeus como árabes. Até o momento, esse é o assunto que menos progrediu nos acordos anteriores de paz. Os palestinos reivindicam a zona oriental da cidade e oferecem em troca o acesso aos lugares santos aos judeus. Já Israel quer manter controle sobre a região que ocupou em 5 de junho de 1967 e que foi anexada durante a Guerra dos Seis Dias.

    2) Fronteiras. Os israelenses se recusam a retornar às fronteiras anteriores a 1967 e devolver territórios que ocuparam na Faixa de Gaza e Cisjordânia, onde existem muitos assentamentos judeus. Os palestinos exigem o cumprimento da resolução 242 da ONU, que prevê a retirada de Israel da região que ocupou na Guerra dos Seis Dias. A última proposta israelense, de maio de 2008, aceita devolver 91% da Cisjordânia, mas os palestinos só concordam com a devolução de pelo menos 97% desse território.

    3) Os refugiados. Existem quatro milhões de refugiados palestinos vivendo em campos da Cisjordânia, Gaza, Líbano, Síria e Jordânia. O êxodo começou em 1948, com a declaração do Estado de Israel. A autoridade palestina exige o cumprimento da resolução 194 da ONU, que afirma que os refugiados têm direito a retornar às suas casas, agora dentro das fronteiras israelenses, ou que recebam uma compensação financeira. Israel é contra a medida por questões demográficas.

    4) Os assentamentos judaicos. Atualmente, nos cerca de 150 assentamentos erguidos na Cisjordânia, considerados ilegais pela Autoridade Nacional Palestina (ANP) e pela comunidade internacional, vivem 230 mil israelenses, em meio a uma população de 3,4 milhões de palestinos. Em 2005, iniciou-se o Plano de Desligamento, articulado pelo então primeiro-ministro israelense Ariel Sharon, que previa a retirada das 21 colônias judias da Faixa de Gaza e quatro da Cisjordânia. A iniciativa gerou protestos enérgicos entre a direita nacionalista de Israel. Já o atual primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, incentivou a construção dos assentamentos na região, o que tem sido decisivo para o fracasso das negociações de paz propostas pelo presidente americano Barack Obama.

    5) A distribuição de água numa região desértica. Oitenta por cento dos recursos hídricos, que abastecem os lares palestinos, são controlados por Israel. Os árabes consideram a quantidades destinada ao seu povo insuficiente (22 galões por dia contra 70 consumidos pelos israelenses, segundo a ANP).

    6) Vale do Jordão. Israel quer manter sua fronteira no local, a região mais fértil de seu território, por questões de segurança, mas está disposto a reduzir a presença militar na região se a segurança do país estiver garantida.

    Agencia EFE

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