O ideal é a variedade e a intensidade das experiências, sejam elas alegres ou penosas
[...]
Claro, o casal e a família felizes são estereótipos triviais: “Com esta margarina ou com este carro sua vida se abrirá num sorriso de ‘folder’ ou de comercial”. Mas ninguém leva isso a sério, nem os que declaram que tudo o que querem é ser felizes.
Se alguém levasse a busca da felicidade a sério, ele se drogaria, e não com remédios ou substâncias de efeito incerto e insuficiente: só crack ou heroína – tiros certeiros.
O que resta é a felicidade como tentação, como uma vontade de cair fora, compreensível quando a vida nos castiga muito. Fora isso, minha aspiração dominante não é a de ser feliz: quero viver o que der e vier, comédias, tangos e também tragédias – quanto mais plenamente possível, sem covardia.
Meu ideal de vida é a variedade e a intensidade das experiências, sejam elas alegres ou penosas [...].
*Trechos do artigo de Contardo Calligaris. Psicanalista, doutor em psicologia clínica, colunista da Folha SP | @ccaligaris
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