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21.8.13

Escolarizando o Mundo: O Último Fardo do Homem Branco

Gerações à frente, olharemos para trás e diremos: Como pudemos fazer este tipo de coisa com as pessoas? Manish Jain

Se você quisesse transformar uma antiga cultura numa geração, como você faria isso? Você mudaria o jeito de educar as crianças.

O governo estadunidense sabia disso quando, no século 19, forçou as crianças americanas nativas a entrarem nas escolas governamentais. Hoje, voluntários constroem escolas em sociedades tradicionais pelo mundo afora, convencidos que a escola é o único caminho para uma vida “melhor” para crianças indígenas.

Mas isso é verdade? O que realmente acontece quando nós trocamos um conhecimento de uma cultura tradicional pelo nosso? A vida realmente fica melhor para essas pessoas?

O documentário Escolarizandoo Mundo: O Último Fardo do Homem Branco aceita um desafio, às vezes engraçado, mas ao final profundo, de olhar, problematizando, o papel da moderna educação na destruição das últimas culturas sustentáveis do mundo.



Lindamente gravado no local da cultura budista de Ladakh, no extremo norte dos Himalaias indianos, o documentário entrelaça as vozes das pessoas de Ladakh com conversas entre quatro pensadores originais cuidadosamente escolhidos; o antropólogo e etnobotânico Wave Davis, um explorador da revista National Geografic; Helena Norberg-Hodge e Vandana Shiva, ambas ganhadoras do Prêmio Right Livehood pelos seus trabalhos com povos tradicionais na Índia; e Manish Jain, arquiteto de programas de educação da UNESCO, USAID, e do Banco Mundial.

O filme examina o pressuposto escondido da superioridade cultural por trás dos projetos de ajuda educacionais, que, no discurso, procuram ajudar crianças a “escapar” para uma vida “melhor”.
Aponta a falha da educação institucional em cumprir a promessa de retirar as pessoas da pobreza – tanto nos Estados Unidos quanto no chamado mundo “em desenvolvimento”.

E questiona nossas definições de riqueza e pobreza – e de conhecimento e ignorância – quando desmascara o papel das escolas na destruição do conhecimento tradicional sustentável agroecológico, no rompimento das famílias e comunidades, e na desvalorização das tradições espirituais ancestrais.

Escolarizando o Mundo faz um chamado por um “diálogo profundo” entre as culturas, sugerindo que nós temos, ao menos, tanto a aprender quanto a ensinar, e que essas sociedades sustentáveis ancestrais podem ser portadoras do conhecimento que é vital para nossa própria sobrevivência.

Uma provocação/reflexão oportuna sobre a imposição da educação-cultura ocidental em detrimento dos conhecimentos milenares e das tradições sustentáveis dos povos originários; com o fim último de manter um modelo único e perverso de sociedade....

É, tristemente, seguimos assim... Little Boxes... on thehillside...