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17.6.10

Educação problematizadora


Contrapondo a concepção e a prática educativa “bancarias”, na obra Pedagogia do oprimido, Paulo Freire propôs a educação problematizadora, libertadora, que seja capaz de construir condições para um protagonismo de transformação da realidade.

Em síntese, segundo o pensamento político-pedagógico freireano, esta concepção e prática educativa, de caráter autenticamente reflexivo, implica um constante ato de desvelamento da realidade; buscando a emersão das consciências, de que resulte a sua inserção crítica da realidade.

Além disso, a educação problematizadora implica a negação do ser humano abstrato, isolado, solto, desligado do mundo, bem como a negação do mundo como uma realidade ausente do ser humano.

A partir disso, parte exatamente do caráter histórico e da historicidade dos seres humanos, razão pela qual os reconhece como seres que estão sendo, como seres inacabados, inconclusos, em e com uma realidade que sendo também, é igualmente inacabada.

Para Paulo Freire, ainda a educação da problematização reforça a mudança e a faz revolucionária, quando possibilita que os seres humanos – enraizando-se no presente dinâmico – não aceitem um presente “bem-comportado” nem aceitem um futuro pré-dado.

Nessa perspectiva, aprofundando a tomada de consciência da situação, os seres humanos se “apropriam” dela como realidade histórica, por isto mesmo, capaz de ser transformada por eles. Então, o fatalismo cede seu lugar ao ímpeto de transformação e de num movimento de busca, de que os seres humanos sentem-se sujeitos.

Aliás, em Paulo Freire, há dois momentos distintos na pedagogia do oprimido, como pedagogia humanista e libertadora. Primeiramente, quando os oprimidos vão desvelando o mundo da opressão e vão comprometendo-se, na práxis, com a sua transformação; e depois, quando transformada a realidade opressora, esta pedagogia deixa de ser do oprimido e passa a ser a pedagogia seres humanos em processo de permanente libertação.

Assim, a educação problematizadora, impõe-se aqueles que, verdadeiramente, comprometem-se com a prática educativa que possibilita aos seres humanos se “apropriarem” da realidade histórica e se sentirem os próprios sujeitos de seus movimentos de reivindicação e de transformação do mundo – como ensina Paulo Freire, em Pedagogia do oprimido. (Paz e Terra, 1997. p. 41;62-74)

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