(La Zona. Título no Brasil: Zona do Crime. País de Origem: México. Direção: Rodrigo Plá. Gênero: Drama. Tempo de duração: 97 min. Ano de lançamento: 2007. Sítio oficial: www.lazona-lefilm.com)
La Zona provoca uma angustiante inquietação, reflexão...
Baseado em conto homônimo, escrito por Laura Santullo - a esposa do diretor uruguaio nacionalizado mexicano Rodrigo Plá - La Zona é uma obra futurista, uma espécie de antevisão do futuro, na qual a exclusão social seria levada ao limite e os cidadãos, abandonados pelo Estado, se organizariam em comunidades fechadas. Mas, segundo contam, quando Laura e Rodrigo começaram a pensar no roteiro de La Zona descobriram que o futuro já havia chegado – na Cidade do México já havia condomínios como os que focalizam.
Em entrevista, comentando sobre o filme, o diretor Rodrigo Plá disse que trata de um problema muito grave nas sociedades atuais: a ausência do Estado na salvaguarda dos direitos individuais. E destacou: “Não estou pensando só nos ricos, que querem segurança, mas também nos pobres, que precisam sair da situação miserável em que vivem. Pode parecer um discurso antigo, mas a violência também é produto da exclusão social. Quando digo que quisemos, Laura e eu, unir o aspecto de thriller a um questionamento social, estou definindo o conceito de La Zona.”
Para Plá, ainda, o filme surgiu como uma reação à sociedade de hoje. Isso que acontece na sociedade mexicana está acontecendo no mundo todo. Essas zonas residenciais particulares são reflexo disso. Ao invés de buscar uma sociedade mais justa, as pessoas trancam-se atrás de um muro e ponto final. E isso também acontece entre países: entre México e EUA existe um muro enorme (Cf. DVD extras)
Considera-se que Rodrigo Plá e Laura Santullo criaram um filme que mescla temas diversos, como luta de classes, deterioração dos valores e das relações sociais, alienação e fascismo social, falência das instituições do Estado.
E atenção, La Zona não tem mocinho. Ricos e pobres, culpados e inocentes, respeitadores da lei e defensores da segurança, todos sucumbem diante da violência e do medo. Como bem prova o filme, são as boas intenções e a má consciência de cada cidadão que dão solução para os problemas de convivência entre os seres humanos. O fim, que não precisa ser revelado, só poderia ser um: todos perdem. (Cf. Maurício Cardoso)
Assim, essa produção cinematográfica refletiu um cruel panorama de toda a sociedade contemporânea. Ao tocar em tantos assuntos delicados e polêmicos, este filme destrói os estereótipos e complexifica o cenário. É uma obra de análise. (Cf. Bruno Carmelo)
Enfim, se fazer cinema é refletir em voz alta, Plá gritou o suficiente. Resta saber quem saberá ouvi-lo. (Cf. Geo Euzebio)
Com La Zona, Plá recebeu vários prêmios, como no Festival de Cannes 2007, em que levou o prêmio Leão do Futuro, dado a diretores estreantes. Embora esta produção seja sua estréia na direção de longas, Plá traz no currículo uma série de prêmios, inclusive um Oscar de melhor curta estrangeiro por Ojo en La Nuca, estrelado por Gael Garcia Bernal. E, na parceria constante com sua esposa, Laura, o diretor inseriu, na mostra de Cannes de 2008, seu outro filme, Desierto Adentro, o qual também lhe redeu elogios e premiações.
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