A atuação das empresas transnacionais brasileiras na América do Sul é discutida no livro organizado conjuntamente pelo Instituto Rosa Luxemburg Stiftung, Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul, Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais, Rede de Justiça Ambiental, Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, Campanha Justiça nos Trilhos e Movimento dos Atingidos por Barragens.
A publicação “Empresas transnacionais brasileiras na América Latina: um debate necessário” (Expressão Popular, 2009) contém estudos, posicionamentos, demandas e campanhas, levadas a cabo por diversas organizações e movimentos sociais, bem como análises de caráter acadêmico, que informam e analisam os impactos – destruidores de meios de vida e trabalho das populações – provocados pela expansão das empresas brasileiras, fora e dentro do país.
Assim, como expõe, logo na introdução desse livro, a pesquisadora representante do Instituto Rosa Luxemburg Stiftung, Ana Saggioro Garcia: “Dentro e fora do Brasil, os projetos das empresas vêm gerando conflitos, sendo elas acusadas de degradação ambiental, violações de direitos humanos e sociais das populações locais, problemas nas condições de trabalho, assim como vêm sendo envolvidas em denúncias de superfaturamento, corrupção e financiamento ilegal de partidos e políticos.”. Frente a tal situação, introduz o espaço comum de discussão e questionamento sobre o atual modelo de desenvolvimento capitalista ao qual o Brasil está submetido, ao mesmo tempo em que submete seus vizinhos latino-americanos: “Que tipo de crescimento e desenvolvimento está sendo criado? Quais as vias de desenvolvimento que estamos seguindo? Quem está pagando por ele? E qual desenvolvimento queremos para nós, povos do Brasil e do continente, e como chegamos a ele?”
Ao levantar estes questionamentos, porém, ela partilha o alerta de que, diante das peculiaridades históricas e socioeconômicas do Brasil, a luta de comunidades atingidas e movimentos sociais pela soberania sobre seus territórios e recursos torna-se mais complexa e difícil. Afinal, “as empresas são representadas por governos e pelos meios de opinião pública como os motores de desenvolvimento nacional, símbolo de um Brasil ‘moderno’ e novo, capazes de competir no mercado internacional entre ‘as grandes’”.
Nessa mesma linha, a professora e pesquisadora Virgínia Fontes (EPSJV/Fiocruz e UFF) analisa, no capítulo final, que: “Este livro expõe a situação dramática e urgente das lutas populares na América do Sul contra o imperialismo brasileiro, assim como modalidades especificamente brasileiras de impulsionar o processo de internacionalização (e multinacionalização) de capitais de origem brasileira. Os capítulos deste livro são extremamente eloquentes. Mostram a urgência de um posicionamento das forças sociais comprometidas com o anticapitalismo no contexto específico da América do Sul e da América Latina, sabendo que encarar esse problema envolve a dolorosa constatação de que nossa luta, a dos brasileiros, tornou-se ainda mais complexa, pois temos de enfrentar o imperialismo tentacular externo e sua implantação interna.”
Eis, uma pequena mostra do tamanho da inquietação provocada pela leitura de “Empresas transnacionais brasileiras na América Latina: um debate necessário” - disponível aqui.
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