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19.8.10

Transnacionais destroem economia local e diminuem empregos

Em pouco mais de cinco anos, o Brasil já perdeu mais de R$ 15,7 bilhões em arrecadação de impostos. Esse dinheiro saiu do país por meio das transnacionais, que ao remeterem os lucros para suas matrizes no exterior, não pagam nenhuma taxa sequer para o governo brasileiro. Essa é a regra que se aplica no Brasil à saída de dólares feita sob a forma de lucros e dividendos dessas empresas desde 1996.

Transnacionais como a Aracruz Celulose, Nestlé, L´Oreal e Monsanto são o mais recente alvo de lutas de alguns movimentos sociais brasileiros, que denunciam a exploração do trabalho e a ameaça à soberania do país. A Marcha Mundial de Mulheres, por exemplo, realiza campanha contra o que chama de “opressão das mulheres na sociedade de mercado”. As militantes querem alertar a população para a ação das transnacionais por trás da mercantilização e controle do corpo das mulheres. Em entrevista à Agência Notícias do Planalto, Nalu Faria, da coordenação da Marcha, afirma que essa estratégia fica mais evidente na lógica da indústria dos cosméticos, por exemplo, que impõe um padrão de beleza às mulheres para manter e ampliar seus lucros.

Agência Notícias do Planalto: Nalu, na sua opinião, por que é preciso lutar contra as transnacionais?
Nalu Faria: Faz tempo que a gente avalia que a Organização Mundial do Comércio (OMC), a Área Livre de Comércio das Américas (Alca) são tratados e acordos que visam apenas beneficiar as grandes empresas transnacionais, ou seja, criar legislações, formas de negociação. O que está em jogo é o lucro dessas empresas e não o atendimento às necessidades da população. É justamente uma estratégia de implantar as grandes empresas e tem relação com os governos poderosos e imperialistas – como o dos Estados Unidos e Europa – de ocupar os territórios dos países pobres como da América Latina, África e Ásia para explorar mão-de-obra mais barata, imporem seus produtos aqui e, ao fazerem isso, impõem também um modo de vida. Então, cada vez mais as pessoas consomem margarina, por exemplo, mesmo que ela tenha muitas substâncias nocivas à saúde e assim por diante.

ANP: E quais são os impactos da ação das transnacionais no Brasil?
NF: É um efeito devastador. As grandes empresas vão não só comprando as pequenas empresas nacionais ou então implantando suas empresas aqui e, ao invés do que muita gente pensa, que aumenta o emprego, ela diminui o emprego. Vamos pegar o exemplo da Unilever, que tem uma grande variedade de marcas na área da alimentação. Ela não cria empregos. Ela chega, compra as pequenas, demite, reestrutura com outros padrões de produção acaba diminuindo o emprego. Geralmente também essas empresas vêm para o Brasil porque aqui tem menos exigências na questão ambiental, então destrói o meio ambiente; e tem uma outra questão: todo lucro que elas têm, elas enviam a seus países, acima de tudo. Isso porque as transnacionais não precisam deixar o dinheiro um período aqui. E também no caso de nossa legislação, elas não pagam imposto sobre os lucros que elas remetem para seus países. Na verdade isso significa menos arrecadação de impostos para os governos brasileiros.

ANP: Em sua campanha, a Marcha Mundial de Mulheres usa palavras de ordem como “O mundo não é uma mercadoria! As mulheres também não”. Por que vocês afirmam que a mulher é mercantilizada na lógica desse setor das transnacionais?
NF: Quando a gente diz que esse modelo mercantiliza a vida e o corpo das mulheres é primeiro porque ele quer dizer que o único lugar em que as mulheres podem resolver seus problemas é no mercado. Ou seja, comprando o que elas precisam, seja comida ou serviços que ela precisa (educação, saúde). E claro que o impacto sobre as mulheres é diferenciado do impacto sobre os homens. Sobre os homens da classe trabalhadora tem um impacto nefasto, mas, por exemplo, nesse momento em que as transnacionais estão com muito poder, elas utilizam intensivamente o trabalho da mulher, mal pago e com poucos direitos. Outra área que nós também estamos levantando que mercantiliza a vida das pessoas é, por exemplo, a imposição de um padrão de beleza, que impõe o uso intensivo de cosméticos, de produtos de beleza. Temos dados que mostram que as mulheres gastam boa parte de seus salários – principalmente aquelas que ganham menos – nesses produtos. Por quê? Porque há uma imposição social de que para ela poder ter emprego, se sentir bem, ela tem que estar bonita. Esse é um dos outros efeitos das transnacionais. Então, nós temos que discutir quais são nossos valores hoje, por que a maioria da população está voltada para esse tipo de consumo que a mídia tem um peso muito grande.

Um comentário:

  1. Anônimo8/6/11 19:14

    A rebeliao so ocorre se for de interesse unanime(Revoluçao Francesa).

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