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8.6.10

Diálogos com Têmis

Denival Francisco da Silva*
Têmis, o que temes, em tempos de tamanho destemor?
- Temo a arrogância que aporta o coração dos que ascendem ao poder.
- Temo a perda da virtude, como a cupidez de estribilho.
- Temo o falso encanto, pura ilusão que entorpece corações vazios.
- Temo o engodo, quimeras a abrasar o espírito desprovido.
- Temo a epopéia de discursos inflamados com seus sons distorcidos.
- Temo a fraqueza dos fracos e a valentia dos fortes a sucumbi-los.
- Temo a algazarra da fama, lantejoulas que se apagam a falta de luz.
- Temo a ausência de contrapesos nos pratos da balança que sustento.
- Temo o afoito, o incauto, o antiético, o desleal, e o de coração duro.
- Temo a ignorância daqueles que podiam, mas não querem dela se livrar.
- Temo o silencio e quem tem muito a dizer, mas não tem como soltar a voz.
- Temo a miséria que é desvelada aos olhos dos homens, mas encoberta aos seus sentimentos.
- Temo a alegria de quem se ilude com pouco, porque vive do nada que se tem.
- Temo a avareza e o desperdício, e tudo que se poderia melhor aproveitar.
- Temo a mim, de olhos por outros vendados e que a muito quero enxergar.

*Juiz de Direito em Goiânia (GO) e autor de Poemas iniciais em forma de Contestação.
|Pescado do blog do Juiz Gerivaldo Neiva|

                                                                                                                                    Têmis

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