16.11.10
Quando as associações da toga deixam-se seduzir...
No mínimo, pode provocar desconfiança e ameaça a credibilidade, indiretamente da Justiça, o fato de entidades representativas de juízes terem seus eventos patrocinados por instituições ou grandes empresas, que eventualmente figuram em processos judiciais...
Bueno, neste mês de novenbro de 2010, a AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) realizou reunião de juízes estaduais em hotel à beira-mar, em Aracaju/SE, com patrocínio de R$ 1 milhão de empresas públicas e privadas. A AMB divulgou os patrocinadores e os valores: Caixa Econômica Federal (R$ 100 mil), Banco do Brasil (R$ 80 mil), Banco do Nordeste (R$ 35 mil), Banco do Estado de Sergipe (R$ 65 mil), Correios (R$ 70 mil), Souza Cruz (R$ 150 mil), Vale (R$ 150 mil), Vivo (R$ 300 mil) e Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (R$ 100 mil).
Nessa mesma época, a Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil), igualmente, realizou o 27º Encontro de Juízes Federais, em luxuoso resort, na ilha de Comandatuba/BA. Os patrocinadores do encontro da Ajufe foram a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, a Souza Cruz, o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes, a Eletrobrás e o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial. Destes patrocinadores, apenas as instituições bancárias e o sindicato revelaram o valor do patrocínio: 280 mil reais da Caixa, 100 mil do Banco do Brasil e 60 mil do sindicato.
O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) divulgou que pretende investigar o patrocínio de empresas públicas e privadas ao encontro da Ajufe. A corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, determinou a abertura de procedimento e vai pedir informações à Ajufe sobre a natureza do evento da entidade.
Essas informações são do blog do Frederico Vasconcelos, jornalista da Folha SP, e de Wálter Maierovitch, colunista da CartaCapital. E diante delas, infelizmente, queiram ou não as associações dos juízes, ficam sempre algumas dúvidas e reflexões, como aquelas levantadas no texto “O lazer da toga”, de Wálter Maierovitch.
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