Robustecimento de grupos empresariais nacionais: concentração de capital e privilégios
A fim de fazer algumas empresas nacionais atuarem na disputa por mercados no plano internacional, o atual governo brasileiro adota uma política de consolidação e fortalecimento de grandes grupos econômicos privados. Mas isso implica a formação de monopólios e oligopólios em vários setores, em outras palavras, resulta num processo de concentração do capital privado.
Notadamente, como considera que a disputa por mercado hoje se dá na arena do capitalismo mundial, a estratégia do governo federal tem sido a de eleger alguns grupos empresariais e robustecê-los mediante financiamentos do Bndes (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Lembrando que a maioria dos recursos que o Bndes tem disponível em caixa é dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), o qual se destina a investir em projetos que tenham um compromisso com a geração de riqueza e emprego. Mas, acontece que, aparentemente, o Bndes faz financiamentos sem nenhuma garantia real de haver mais empregos.
Nesse contexto, o governo adota uma política econômica que beneficia, por meio de empréstimos do Bndes, alguns grandes grupos privados. Tanto que o Bndes apoiou/financiou (com o envolvimento direto da Petrobras) a recentemente incorporação da Quattor Petroquímica pela Braskem, controlada pelo Grupo Odebrecht. Igualmente, o Bndes, dando aporte financeiro de bilhões, participou do processo de fusão entre as empresas de telefonia Oi e BrT (Brasil Telecom), assim como apoiou o processo de incorporação da Bertin e Pilgrim´s Pride, pela JBS (gigante do setor de carnes industrializadas e in natura), além de o braço de participações do banco, Bndespar, ter entrado com outros bilhões na operação de fusão entre a Aracruz e a Votorantim, que consolidou a Fibria, como gigante da área de celulose.
Aliás, dentro desse processo, considera-se também que tem sido uma constante a consolidação e fortalecimento de gigantes a partir de fusões e aquisições no setor do agronegócio (agribusiness). Assim, inclusive, o atual governo federal, por opção, tem privilegiado as monoculturas para exportação do agronegócio, que concentram terra, expulsam mão-de-obra do campo, destroem a biodiversidade e prejudicam a tudo e a todos com a utilização de imensas quantidades de agrotóxicos.
Além disso, cabe lembrar a área de energia elétrica que, embora não dispute necessariamente mercados internacionais, é uma das escolhidas pela política econômica do governo federal. Daí que investimentos necessários no setor energético acabarão sendo mais um presente para construtoras e ainda para mineradoras privadas, as quais serão beneficiadas com energia farta custeada pelo dinheiro público.
E, segundo se revela, entre as grandes contempladas, pela política do governo brasileiro, está a empreiteira Camargo Correa, que atualmente inclui entre suas ações a construção de novas usinas para a geração de energia. A propósito, mesma Camargo Correia que tem em seu currículo um passado sombrio de financiamento da tortura e repressão política durante a ditadura militar. (Revista Caros Amigos. nº 156, mar/2010. p. 30-31)
Agora, entre alguns dos empreendimentos nos quais a empreiteira Camargo Correia está prestes a se envolver é a construção das polêmicas usinas hidrelétrica de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira, em Rondônia, e de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará. Embora o arremate, em fatídico leilão, do direito de construir e explorar a usina Belo Monte tenha sido do consórcio Norte Energia – que tem participação da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), subsidiária da Eletrobras, da Construtora Queiroz Galvão, da Galvão Engenharia e de outras seis empresas – que ainda será remodelado. Afinal, o consórcio vencedor está de posse de pré-contrato assinado com o grupo construtor, mas o governo admite a possibilidade da entrada de grandes construtoras que não foram ao leilão, como Camargo Corrêa e Odebrecht, para cumprir parte das obras. Assim, seguramente as empreiteiras que ficaram de fora no negócio, serão contratadas futuramente para desenvolver parte do projeto. (Radioagência NP)
Eis, pois, a política econômica desenvolvimentista do governo federal, que estimula a concentração de capital e beneficia grandes grupos econômicos privados.
É isso, valeu(!?).
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